UMA
FORMA DE JUSTIÇA
Devido
a muitas questões inconvenientes ( desonestidades, dificuldade em
avaliar um valor, uma medida, equívocos, erros e enganos, entre
possíveis outras coisas – ganância, intencionalidades e
inescrupulosidades, falsa moral do dinheiro, etc ), certa burocracia
torna-se necessária, tanto mais quanto mais falta educação e
informação honesta : nos negócios e nas negociações
principalmente. É possível simplificar isso tudo, minimizar /
exterminar essas inconveniências, com uma justiça mais autêntica e
mais imediata, mais livre de burocracias ?
Minha
proposta são essas duas práticas : auto-crédito
e preço por porcentagem.
O
auto-crédito, em si, é muito simples e está explicado na figura,
na imagem desse texto. Quanto às suas conseqüências, é só
imaginar o que acontece em qualquer setor em que tramita produtos :
Vantagem prá todos.
Mas,
vamos focar um pouco mais no preço por porcentagem. Será mais justo
isso ? Imagine um cara com R$ 10,00 de saldo e outro com R$ 100,00 –
ambos precisando de um mesmo serviço, usar um mesmo transporte, etc
O
preço da passagem é 10%
( isso significa dez por cento do saldo de qualquer cidadão que vai
usufruir desse serviço ). Um paga só R$ 1,00 ( um real ), enquanto
o outro paga R$ 10,00.( dez ). O mais justo é manterem a mesma
proporção ; antes, um tinha 10 vezes mais que o outro, agora essa
proporção se mantém – ele continua com um saldo dez vez mais que
o outro ( um fica com R$ 9,00 de saldo e o outro com R$ 90,00, quer
dizer, dez vezes mais ). Quem tem o saldo maior, continua com
vantagem – já tem, por si só, pelo seu mérito de ter angariado o
seu valor, um direito de usufruir mais vezes desse serviço do que
alguém com um saldo menor. Além disso, a cada uso – enquanto não
adquire mais crédito, ele também paga menos : no próximo serviço
a usufruir, um paga R$ 9,00 e o outro R$ 1,00 ( não há centavos e
frações nessa economia mas, como nem precisamos consultar o nosso
saldo – um sensor avisa quando estivermos com pouca disponibilidade
de uso, vamos dizer, só mais uns cinco / dez serviços.
É
vero : as inconveniências serão bem menores e mais fácil de serem
solucionadas. Com esses dois simples expedientes, pode-se eliminar a
miséria e a pobreza, as pessoas serão melhor compensadas pelos seus
serviços ( há serviços diferenciados, alguns de natureza mais fixa
para evitar desonestidade e ganância, serviços relacionados à
saúde, etc, como trato melhor em meus blogs ), os produtores,
patrões e proprietários são compensados sem precisar massacrar
funcionários, pode dispor melhor de serviços e funcionários sem
encargos e demais inconveniências, políticos – com função
pública bem definida, projetos e funções bem definidas, podem ser
compensados sem necessidade de tirar nada da população, as
exportações e importações ficam melhor equilibradas em termos de
valor ( e sem necessidade de tantos e complicados cálculos ),
independente se só um dos países adota essas práticas ou os dois (
melhor os dois, mas o que adota sempre sai com vantagem, sem precisar
prejudicar economicamente o outro ), as pessoas em geral poderão ser
mais autônomas e independentes, mais livres e com mais facilidades
para entrar em negócios, duas quaisquer podem tramitar produtos
entre elas sem interferência de terceiros ou de “regras do além”
que estão interferindo em seus negócios.
As
relações humanas se tornam mais autênticas e naturais nessas
práticas, tornam-se mais facilmente cooperativas entre si,
respira-se melhor sem “instabilidades econômicas” e sem
“insegurança psicológica e desconfiança nas negociações” –
e por aí vai.
Experimente
em sua casa mesmo, atribuir valores nos diversos serviços domésticos
e comunique isso a seus filhos ( mesmo àquela adolescente
intransigente e difícil de se lidar, se você conseguir falar com
ela e expor essa sugestão ), marcar numa caderneta, numa planilha,
oferecendo tipo de uma “mesada” nesse estilo de negociação, a
cada pequeno serviço que ela realizar em casa, enquanto você
trabalha. Depois, e enquanto essa prática não vem, de uma forma
generalizada em toda a sociedade, “traduza” em valor de dinheiro
atual, de reais. Ela ficará contente por sentir a sua importância (
mais importância ) em casa, em sua participação doméstica, no
lar, ao invés de só dominada por uma autoridade ( do pai, da mãe,
etc ) e dependente dos pais, com pouca autonomia e independência.
Ela pode atribuir mais valor àquilo de que não gosta, ou sempre
evitar determinados serviços de uma forma e de outra. Mas deve
compreender também que serviço é serviço, ninguém tem culpa
deles existirem, de ter que pôr o lixo prá fora e dessa forma em
diante, cuidar da higiene geral da casa.
A
PREGUIÇA E A INDISPOSIÇÃO
Não
são naturais. A indisposição – física, orgânica, psicológica
e emocional – são produtos
de diversas condições e circunstâncias. Uma pessoa pode gostar de
uma preguiça em momentos de lazer, ao acordar ou na hora de dormir,
no momento de um descanso. Mas, todos nós, sem exceção, prefere
estar bem disposto, com o emocional em “alto astral”, com a mente
bem clara no entendimento, na hora de uma lição de casa, seja na
atividade que for, numa diversão e numa tarefa, preferimos estar bem
voltados – bem voltadas as nossas energias – para o que quer que
seja que estamos realizando. Então, o que se passa na indisposição,
o que é isso ?
Atividades
compulsórias ( no ambiente de trabalho, debaixo de alguma
autoridade, uma imposição em casa mesmo ) podem criar um
antagonismo interior, uma inconveniência que a pessoa sente e se
torna, por isso, indisposta : faz o que faz, mas sem satisfação
nenhuma, forçadamente, não há “motivação” nenhuma para isso.
Não trabalha com júbilo e contentamento, nem sente a sua
participação nisso. Se uma pessoa está emocionalmente indisposta
com outra, suas relações estão prejudicadas ( independente se uma
“tem razão” ou não, se está “certa ou errada” ), um
trabalho, uma atividade qualquer entre elas perde a autenticidade de
ser. Se uma julga mal a outra, se está psicologicamente indisposta
com outra ( por qualquer que seja o motivo, a razão ). E também se
ela se sente organicamente mal : nesse caso, deve procurar a cura, um
médico, um descanso, um ch, um remédio que seja. E também se vê
“obrigada” a realizar algo além de sua capacidade física :
carregar um peso excessivo, caminhar mais rápido do que consegue,
etc
Com
essas novas práticas – auto-crédito e preço por porcentagem –
mais facilmente as pessoas se sentirão contentes e felizes. Com mais
autonomia e mais independência, melhor
sentimos a nossa participação.
Você já reparou que certos pedreiros, ou um desses serviços
domésticos – eletricistas, consertadores de máquinas, etc – só
estão interessados em seu dinheiro e pouco se dão ao que realizam
em sua casa ? Por quê, né ? Não se sentem bem compensados e nem
participativos, a dona da casa reclama, pechincha preços, quer
exigir mais do que deve, etc. Mas, na casa deles, não estão
interessados no dinheiro e, no entanto, realizam melhor, com mais
acerto, os seus serviços. Algumas empregadas domésticas podem ser
esforçadas por dependerem da patroa, por medo de perder o emprego,
etc, mas, em suas próprias casas ( geralmente ) fazem o seu serviço
com mais propeiedade, com mais autonomia e com a disposição mais
exata, mais correspondentes com as tarefas – que podem interromper
com mais liberdade a qualquer momento, antes de continuar, etc.
Se
você se sente com indisposição, preguiça, “falta de vontade”,
procure verificar o que está causando isso – dentro e fora de
você, verifique tudo, o que acontece, se exagerou no alimento, se
foi dormir com problemas e transtornos, antes de “esvaziar a cabeça
do dia”, se foi uma briga desnecessária mas que a/o ofendeu e
magoou. Se uma insatisfação qualquer está perturbando no
dia-a-dia, se algo está em desordem em sua casa / no serviço.
Trabalhar
é eliminar inconveniências, para nós próprios e para os demais, é
servir aos demais e a nós próprios. É constituição básica e
humana, uma condição própria da existência, servir e ser servido,
isso é um fato. A necessidade de serviços, de trabalho, também é
um fato, surgem com alguma espécie de inconveniência : dificuldade
para adquiri algo, de encontrar um produto de qualidade, um bom
atendimento. Solucionar e facilitar as inúmeras dificuldades do
dia-a-dia : uma parede feia, um alimento diferente, um transporte, um
ambiente sujo, um ar “carregado” da casa, que simplesmente abrir
as janelas pode resolver, para circular melhor o ar. Então, as
relações no trabalho devem ser muito bem observadas, pois não
adianta obter – de uma pessoa – um serviço que a deixe presa a
alguma inconveniência, no qual a pessoa se sente mal em realizar.
Trabalho também é interação social – e não algo “de uma via
só”. E sem clientes, da mesma forma, não se justifica um serviço,
um produto, não é lícito – dentro da Ética da Vida – forçar
vendas e serviços, seja sutilmente, através de propaganda, seja na
forma que for. Isso é uma injustiça.
Em
uma sociedade saudável, com uma economia mais justa, sempre há
transmissão de valor
social. As pessoas se
sentem mais valorizadas, sem necessidade de umas enganarem a outras,
sem necessidade de competição e disputas nocivas..
O
CONCEITO DE PAZ
“Paz”
não é meramente um conceito, uma idéia. É a forma de sermos bem
conosco mesmo, a forma de sermos bem nas relações e na convivência
mútua. É a forma de sermos bem – de sermos melhores, com mais
qualidade de ser - nas nossas práticas sociais e institucionais,
organizacionais.
Há
pessoas – e povos, toda uma cultura – que só percebem o valor da
paz depois de muito sofrimento desnecessário, depois de muita
guerra, de muita teimosia, de muito fanatismo, depois de muita
destruição.
Muita
gente acha que paz é um “vazio”, de vida sem graça, pacata, de
uma espécie de preguiça, de coisa superficial e sem muito
significado, pouco mais e menos que um tédio. Não encher o saco de
ninguém, já é alguma coisa, “faz parte”, por assim dizer, de
uma vida em paz, de uma tranqüilidade. Mas a Paz é aquele estado de
ser em que, mais facilmente, as pessoas podem viver em segurança,
mais facilmente podem ser felizes e contentes, mais facilmente podem
ter uma boa saúde.Mais facilmente podem conviver, podem se
relacionar, podem conversar, mais livre se pode ficar de tantos
falsos compromissos, tantas falsas moralidades, tantas falsas
práticas sociais e culturais.
Por
isso, essa descoberta fundamental : sem
justiça, não há paz.